terça-feira, 8 de junho de 2010

O Poema


Este poema
É oco,
Não tem beira,
É vôo
Obliquo de
Pássaro.
Bebo dele que,
Como eu, é uma
Fisgada.

Entro pelos
Canos deste
Poema, desço
Por suas escadas
— Inocentes.
Escuto
Seus gritos:
O oco —
É vivo,
Vindima,
Mãos socadas
Nos bolsos.

Confesso de
Antemão este
Poema e a ele
Faço companhia.
Cego, caio
Por seus
Caminhos.
Não tomo jeito:
Ando de rojo
A fim de suas
Veredas.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Alucinação

tentáculos,
reses diabos,
pedras e calos —
muitos.
gosto de céus
é ruína.
sapatos pretos,
uns beiços grandes,
nossa mãe sarará.
preto.

arara em
hambúrguer:
um macunaíma
feio de dentão:
eu — preto e branco.
atravesso
aquele trem
que vem
rápido e
me causa
vertigem.

ela é doida,
a clarice,
cortina que
balança apesar
da luz do
computador.
palra. é garça.
graça de graça,
é mais pirraça,
dizia vovó.
mas vovó era
uma mulher
que fazia
bonecas de pano.

lembro...
tinha enchente
e os patos
voejavam,
o cachorro
reclamava,
grandalhão.
meu pai sempre
se cortava
fazendo barba,
acho.

frio é corte,
apesar duma
vassoura que
desnuda chão.
árvore grande
é aquela que eu
não conheço
mais. mas ela
é nua: é junho
e bebo café
no terraço.