terça-feira, 4 de maio de 2010

Recomendações

É preciso que eu aja
De modo sem pé
Nem cabeça, para
Mergulhar nas nuances
De uma relíquia ou de
Uma festa.

É preciso que, acima de qualquer tosse,
Eu respire os bons ares;
E que meus contos não
Sejam meus, mas de um
Poeta que eu nunca vi.

Lá está, no anfiteatro,
As peças dos meus atrasos.
Está também um figurino,
Que eu fiz questão de vestir,
Para provar que eu era alguém,
E que esse alguém
Era o tronco
Que nunca
Faltou.

Eu me entreguei a uma paixão,
Que se não louca,
É no mínimo
Capricho de poeta.
Dos versos me regresso,
Pois eles não me querem
Por perto.

Sei que me vou um dia
Sem glória alguma: eu sou poeta?
Nunca fui e nem pretendo
Entrar em caminho de pedras.

Pensar?
Pensar...


Dedico a tantos
O que jamais dedicaria a mim mesmo.
Eu tenho errado.

E percebo que
Minha imagem
Se iguala à sombra duma pomba triste,
De cabeça baixa,
A pomba
Aumentada pela fadiga.

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